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EMPATIA... importante no ensino da matemática? (testemunhos)

  • Foto do escritor: Inês Cruz
    Inês Cruz
  • 7 de ago. de 2020
  • 6 min de leitura

Atualizado: 1 de mar. de 2024

Empatia no ensino da matemática!

Artigo com testemunhos de quem recorda a importância que teve a empatia do professor de matemática!

O artigo que hoje partilho foi escrito por mim e por uma grande amiga, também ela professora de matemática, com quem tenho o gosto de trabalhar há muitos anos!

Obrigada Esmeralda!



Escrever sobre a importância da empatia e da simpatia no ensino da matemática é escrever sobre afetos, sobre emoções... é escrever com o coração!


Os afetos são um ingrediente cada vez mais importante na relação entre professor e aluno e consequentemente na aprendizagem efetuada.

Não temos dúvidas de que o benefício é mútuo, ganham os alunos e ganham os professores; na realidade, o aluno só terá a ganhar, se existir uma boa relação com o professor, seja ele de matemática ou de outra disciplina.

É verdade que, muitas vezes, basta dar lugar ao desenvolvimento de afetos para que o click do aluno aconteça ou desenvolva e se comece a efetivar uma real aprendizagem.


Melhoram a atenção;


Melhoram a motivação;


Melhoram o empenho;


Melhoram a resiliência;


Melhoram …


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Quando os professores e os alunos permitem o desenvolvimento dos afetos (talvez mais fáceis e usuais nos alunos mais pequenos, mas tão necessários e marcantes nos alunos adolescentes e mais velhos) é mais fácil ao professor criar um ambiente favorável às aprendizagens.

E falar de afetos é falar de conhecer e reconhecer o aluno, de saber ouvir, de entender melhor a sua realidade feita de sucessos e insucessos, de confiança e de receios, de certezas e de dúvidas, de passado e de presente, possibilitando mudanças de comportamento e de motivação face à disciplina.


As escolas alteram-se.


As famílias evoluem.


Os alunos não são os mesmos…


Os professores também mudam…


Há muito tempo que o professor já não é um mero transmissor de conteúdos.

A "sala de aula" deixou de ser um local exclusivo de ensino de conteúdos matemáticos e cumprimento de programas.

E os alunos esperam mais dos professores do que esperavam há algumas décadas atrás. Recordamos relações difíceis, dificuldades, mas sabemos que a empatia pode fazer a diferença.

Não é tudo mas ajuda a parte a formar um todo!


Enquanto professoras de matemática, sabemos que é imperioso que o professor comece por ser uma pessoa próxima, que inspire confiança, que transmita a sua paixão por aquilo que faz e pela disciplina, em particular.

A confiança e a motivação são fundamentais para a sala de aula de matemática.

Assentar o aprender em alicerces de confiança faz toda a diferença.


Empatia… Não é sentir pelo outro, mas sentir com o outro (…) é compreender (…) é descer ao fundo do poço e fazer companhia a quem precisa… É saber abraçar a alma! (João Doederlein)

A experiência que temos permite-nos dizer que, principalmente nos alunos mais novos, à custa de tanto manifestarmos o gosto pela matemática, de uma forma entusiasta e repetitiva, despertamos neles um novo gosto, talvez para alguns até aí desconhecido.

É caso para dizer que entusiasmo gera entusiasmo, abrindo a possibilidade de podermos dar posteriormente mais alguns passos importantes.

Na nossa visão de professoras de matemática, a empatia é a forma de nos colocarmos no lugar do aluno, de o entendermos mesmo na dificuldade (e sobretudo aí), criando lugar para o erro e para o aprender através do erro, de o ouvirmos e de o motivarmos para conseguir sempre mais e melhor.

Aceitar que não são todos iguais. Que há alunos com ritmos diferentes, com dificuldades diferentes, e no final com avaliações também diferentes... e isso não torna uns melhores que os outros.

Os alunos devem sentir isso.

Não há melhores, há diferentes!

Cada um é um aluno diferente… e acreditar no melhor de cada um é criar empatia!


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A simpatia do professor face à disciplina é o gosto pelos conteúdos e pelo que se ensina. Um professor que faz o que gosta e ensina aquilo em que acredita é também um fator de diferença numa escola, em particular numa sala de aula.


Juntamos a empatia e a simpatia e basta?

É suficiente para os nossos alunos aprenderem tudo?

Não!

É um facto… não é o suficiente.


O caminho das aprendizagens não se faz num estalar de dedos, é um caminho que implica trabalho. Nenhum aluno aprende matemática e se supera a si próprio enquanto aluno desta disciplina, se não trabalhar.

Arriscamos a dizer, se não trabalhar muito e muito regularmente.

As dificuldades vão surgir, o percurso não vai ser linear, nem sempre vai ser como se idealiza e nestas alturas pode surgir vontade de desistir. Mas esse é exatamente o que não pode acontecer.

Trabalho sem empatia?

Empatia sem trabalho?

Não basta gostar do professor e que o professor goste do aluno, não basta ter vontade de aprender e superar dificuldades. Há outra variável que é decisiva no efetivo processo de aprendizagem… o trabalho árduo!

Não conseguimos atingir os mesmos objetivos se deixarmos para traz algum destes ingredientes.


E neste campo o empenho terá de ser do aluno. A diferença que o seu empenho fará nas suas aprendizagens será tanto maior quanto o trabalho realizado.


Enquanto pais e alunos nunca esqueçamos que só conseguiremos saber se valeu a pena o esforço e a dedicação, se tentarmos.


A matemática vale esse esforço!



Pedi testemunhos a quem acompanha este meu projeto e partilho alguns dos muitos testemunhos que me foram chegando. Nada como ler na primeira pessoa testemunhos de quem recorda professores e salas de aula onde a empatia fez diferença.



"Ela percebeu a forma como eu aprendia...tinha que me explicar os passinhos todos."

Rita Batista


"Recordo uma professora “particular” que tive. Ela é top e ajudou-me literalmente a mudar a minha vida profissional"

José Ribeiro


"Fui professora de Matemática no Ensino Politécnico. Considero fundamental a relação que existe entre professor e aluno. É a base para todo o processo ensino-aprendizagem."

Professora Mariana Dias


"Recordo-me da minha professora do 3º ciclo e secundário... Da sua dedicação, da sua paciência para comigo e para as minhas 2000 dúvidas que lhe roubavam intervalos, horas vagas e até dias de festa. Lembro-me do empenho com que nos ensinava, lembro-me dos exercícios diferentes que procurava trazer para a aula, lembro-me dos seus conselhos e das conversas não-matemáticas que tínhamos. Um livro sobre a importância da empatia nos professores de matemática, para ela, seria uma auto-biografia."

Dra. Sofia Lima


"Recordo uma. Tinha sempre um sorriso doce e uma palavra terna, juntava-lhe depois, sempre que eu precisava, uma voz de força, determinação e muita persistência!

Para ela não havia melhores nem piores, apenas diferentes!

Para ela não havia desistir... ahhh não havia desistir, MESMO!

Para ela todos éramos capazes, bastava querer e fazer acontecer! Quando corria mal, era a primeira a sentar-se connosco, perceber o que falhou e o que podíamos melhorar! Quando corria bem, era a primeira a abraçar-nos cheia de brilho nos olhos! E para além do correr bem ou mal, preocupava-se em saber se estávamos bem ou mal, e quando estávamos mal, nunca mais nos largava...acarinhava-nos o coração e só nos deixava quando estivéssemos bem! Para além disto tudo também ensinava muito bem matemática. Era ela, a que nos ajudou sempre!"

Francisca Cunha (aluna de Medicina)



"Recordo uma professora que implicou no percurso do secundário do meu filho... tem uma visão da matemática de uma forma descontraída. A relação do professor/aluno foi um grande passo para que a matemática deixasse de ser um obstáculo para ser uma descoberta !"

Educadora Alexandra Tavares


"Recordo um professor que me acompanhou desde o 9ºano... Não sei se é por causa dele que sou professor de matemática (...) Sempre bem disposto, sempre rigoroso e sempre com a palavra certa na hora certa. Outro professor que me marcou muito foi um de Biologia. Além disso treinava a equipa de Futsal da escola, de que eu fazia parte. Muitas vezes eu não era a primeira escolha, mas ele nunca me deixou desanimar e quando entrava dava tudo pela equipa e por ele. Fantástico professor. Depois, quando deixei de ter idade para jogar naquela equipa passei a ajudá-lo a treinar e com a logística. Mais tarde foi meu colega na escola onde estudei, quando eu o vi na sala de professores foi muito emocionante (...)

São eles que me inspiram a ser melhor. Talvez um dia consiga chegar à excelência deles."

Professor José Carlos Pereira (professor de matemática e autor de manuais escolares entre muitas outras coisas)


"Sem dúvida (...) Tenho a certeza que foi o professor que me fez ver a matemática com outros olhos e que de forma inequívoca fez com que me tornasse professora de Matemática. Ainda hoje uso pequenos "truques" que me ensinou na altura."

Professora Sandra Cunha (professora de matemática)


"Recordo um professor que me marcou (...) era um professor que não debitava a matéria era muito próximo e atento a cada aluno. Era fácil gostar de matemática."

Li Rodrigues



"Recordo a minha professora de Análise Matemática 1 e de Álgebra do primeiro ano na faculdade! A empatia entre as duas era tão grande que até foi ela que me colocou um apelido pelo qual ainda hoje sou conhecida"

Eng. Carla Sousa


"Sabes o que ensinas, professor?!

Tu não ensinas apenas a matéria que transmites nas aulas. Transportas um vírus deveras contagiante. Ensinas com a presença corporal, com as palavras, com as atitudes, com os gestos, com as emoções e reações. Ensinas, pois e sobretudo, quem és e o que devias ser. Acredita nisto: o teu corpo e a tua conduta são ótimos ensinadores.

Deixa-te de distrações, fingimentos e simulações. Julgas que enganas alguém?! Perdes tempo em vão. Os alunos aprendem bem a lição e captam, ainda melhor, a contradição. Arquivam-nas na memória; jamais as esquecerão."

Jorge Bento


 
 
 

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© 2017 por Inês Cruz | 

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