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  • Foto do escritorInês Cruz

As atividades e o meu filho... tudo ou nada?

Atualizado: 19 de nov. de 2018

Queremos proporcionar aos nossos filhos as melhores experiências. Gostávamos que experimentassem e vivenciassem o maior número possível de atividades, e o mais cedo possível.

Todos entendemos que as atividades (extra escola ou extra curriculares) são de facto uma fonte de aprendizagens, novos saberes, adaptações a outras realidades, a outros registos de saber fazer e saber estar, contactos com outras pessoas, valorização e desenvolvimento de outras competências, descoberta de capacidades que nem julgam ter...

Ao conversar com a mãe de uma pequenina de 3 anos ela dizia-me que já tinha estado a pensar com os filhos (os mais velhos e a mais nova) quais as atividades que iriam ter no próximo ano letivo.

- Já? Em março? - perguntei.

- Porque se não decido depois não consigo escolher os melhores horários para encaixar tudo o que eles querem...

Foi a dica para pensar neste assunto, juntando uma outra conversa com uma leitora assídua que me sugeriu que escrevesse sobre as n atividades que os nossos filhos têm, e lancei-me no assunto.



De facto cedo damos por nós a encaixar no horário dos nossos filhos as atividades extra que lhes queremos proporcionar. Ainda setembro mal começou e já fazemos as inscrições (ou pré inscrições antes até) para que tenham as atividades que tanto gostam(os).

Encaixamos tudo e mais o que couber!

Se é menina o ballet, se é rapaz o futebol! São quase atividades obrigatórias... Não tenho nenhuma questão com o género, até porque tenho amigos com filhos no ballet e filhas no futebol! E que bom que isso é!

Mas normalmente quando as princesas vão para o infantário, para o pré escolar, há sempre a tentação concretizada de as colocar no ballet. E a eles no futebol porque é quase uma ordem experimentar.

E se não gostam?

E se não têm jeito?

E se não tem a ver com as características deles?

A minha filha também aos 4 anos foi para o ballet. Eu tinha andado e achava que ela ia gostar. Até uma altura, já quase no final do ano letivo, em que ela me disse: "Mãe, já sei porque não gosto muito do ballet... as aulas são muito lentas para mim!"

Pois é, a energia e os gostos dela não se encontravam nesta atividade! E no ano seguinte mudou para outra atividade com que se identificasse mais e eu penso muitas vezes que o ballet não tem nada a ver com ela.


Nesta altura em que mais cedo ou mais tarde vamos pensar nas atividades do próximo ano paremos para respirar fundo e pensar no nosso filho.

Pensemos no que eles gostam. Falemos com eles sobre isso.


Pensamos na actividade adequada ao nosso filho ou tentamos que o nosso filho se adeque à atividade?

E quantas devemos escolher?


A opinião de vários pediatras é que as crianças devem, sendo possível, experimentar uma atividade física (um desporto) e uma atividade criativa (música, pintura, artes).


Há infantários que incluem na mensalidade atividades já previamente escolhidas. Confie nessas escolhas e dê tempo ao pequenino de ter tempo para brincar (pode ler o outro artigo sobre a importância de brincar nas crianças).


Se não é o caso da escola do seu pequenino ou se o pretende colocar em algo mais, pense que disponibilidade tem para o levar e trazer e tente adequar de forma a que as atividades não sejam uma sobrecarga de stress, horários a correr, levantar super cedo ao sábado também, ansiedade e pouco usufruto da atividade em si com qualidade.


Não podemos esquecer que o nosso filho é único e tem uma personalidade, preferências e vontade próprias e por isso há atividades distintas que se adequam melhor a cada caso.

Esqueçam as atividades dos amigos dos filhos, dos primos, as que os irmãos mais velhos frequentaram, as que nós gostamos e gostávamos tanto que eles frequentassem... e decidam em família se vão escolher 1, 2, 3... atividades. Depois façam uma lista das que eles gostam e das que são possíveis. Não é viável querer praticar surf se vive a 2h do mar... deixem esse gosto para as férias de verão, por exemplo.


A natação surge muitas vezes na lista das primeiras opções porque para além de ser um desporto que faz bem à saúde deles, saber nadar é também uma questão de segurança.

Mas temos a opção entre desporto de equipa (voleibol, tag rugby, andebol, basquetebol, futebol...) ou desporto individual (ténis, natação, ioga, karaté...).

Opção entre o inglês, a música, a pintura, os escuteiros, a informática... e tantas outras mais ou menos na moda atual.


Para ajudar na nossa lista de decisão, se o nosso filho tem dificuldades em se relacionar, em partilhar, se (ainda) é filho único, um desporto de equipa pode ser uma atividade mais interessante porque vai desenvolver nele outras competências além das meramente físicas, como o saber estar em equipa, trabalhar por um objetivo comum, saber partilhar, formar equipa, ter um objetivo comum, saber ouvir, saber esperar, dar oportunidade a todos...


Se a criança é mais ansiosa e pouco paciente, temos tantas hoje em dia na geração do aqui e agora :) pode fazer mais sentido uma atividade que a leve a aprender a dominar-se, a saber parar, a saber esperar, a perceber que não tem de ser a primeira (como o taekwondo, o ioga, o judo, o xadrez ou mesmo a natação).


Se a criança pode melhorar a sua timidez porque não o teatro? Que também desenvolve a auto estima, a criatividade, o projetar da voz, a memória...

Se a energia no corpo dela não tem fim podemos pensar num desporto que faça correr e libertar energia como o andebol, o futebol ou o basquetebol.

A música, a par com a natação, é também uma das atividades mais escolhida pelos pais. No pré escolar eu diria que são as duas opções mais assertivas. A música desenvolve características super importantes também para o futuro dos nossos filhos, como a atenção, a atenção ao ouvido, o ritmo, a concentração, a persistência, o trabalho... existe uma relação entre as características desenvolvidas na música e as necessárias na matemática.


Nesta altura em que temos imensas opções à escolha, uma oferta como nunca tivemos, é claro que gostávamos que pudessem experimentar todas, mas não esqueçamos que não têm de experimentar todas no mesmo ano... têm todos os anos pela frente nos quais podem escolher atividades diferentes.

Nestas idades devem mesmo experimentar, mudar todos os anos se for essa a vontade deles, aprender coisas completamente diferentes!

Mas recordem sempre que não deve ser uma sobrecarga para os miúdos. Eles têm tantas "atividades" extra que podem fazer em casa... correr ou jogar à bola no jardim ou no parque, fazer culinária, brincar, fazer ginástica matinal com o pai e a mãe ao fim de semana, andar de bicicleta, skate, patins, jogar ao jogo da glória, fazer construções com legos...


Não se esqueçam que tudo o que é em excesso e sem gosto não chega ao coração e por isso não dá os frutos esperados.


Se isto vai ser importante na sala de aula de matemática? Vai! Nem imagina quanto!

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